Suponhamos que eu lhe peça para me dizer a cor de um objeto. Uma cor só pode ser reconhecida através de um dos nossos sentidos. E este é a visão.
Eu não posso usar minhas narinas ou ouvidos para reconhecer uma cor. É preciso que eu use o meio de conhecimento adequado.
Vedānta não é filosofia, teoria, tampouco religião. Vedānta é pramāna. Esta palavra se traduz como meio de conhecimento. Ou seja, o meio de conhecimento adequado para o autoconhecimento chama-se Vedānta.
É dito que existem várias formas para “alcançar” este autoconhecimento. Mesmo dentro do Yoga, existem aqueles que dizem que existe um “caminho” para aquele que é mais emotivo, outro para intelectuais, outro para pessoas mais extrovertidas.

Então, novamente volto às raízes do yoga, aqui na Índia. Pego de uma vez, três linhas: Karma, Bhakti e Jñāna. O primeiro pensamento que nos vem é o de identificar o que cada uma destas palavras significa. Karma, que significa ação, o yoga da ação. Bhakti, que significa devoção. O yoga devocional. Jñāna, que significa conhecimento. O yoga da disciplina do estudo dos textos sagrados, antigos, os Śāstras. Em um instante já separamos aquilo que deveria ser inseparável. O yoga, a união, a junção.

Seria, então, possível praticar ásanas (ação) sem conhecimento? Sem devoção? Seria possível ser um devoto sem ação, ou sem conhecimento sobre aquilo que ele se dedica? Poderia haver conhecimento sem ação? É claro que a resposta é negativa. Não podemos separar os diferentes aspectos de uma prática de yoga.

Quando o objetivo, no final, é o mesmo: autoconhecimento.

Mesmo que aceitássemos que houvesse diferentes caminhos, digamos que agora, estivéssemos todos à frente daquilo que buscávamos. Nem mesmo estando à frente de um objeto, significa que o estamos enxergando. É preciso de luz para enxergar um objeto. E esta luz chama-se conhecimento.

À medida que acumulamos mais conhecimento, reduzimos o espectro de ferramentas que usamos para o autoconhecimento.

É como fazer dieta. Quando não conhecemos se um alimento pode nos fazer mal, não o eliminamos de nosso cardápio. Mas na medida em que conhecemos aquilo que é melhor para nossa saúde, eliminamos algumas opções.

Assim é o amadurecimento em relação ao autoconhecimento. No início, existe um vasto cardápio a ser provado, mas na medida em que refinamos o nosso discernimento e capacidade de questionar, realizamos que é apenas a luz do conhecimento que pode iluminar a nossa natureza.

Artigo de Bruno Jones