O medo, assim como qualquer emoção é necessário. O medo é uma ferramenta de autoproteção. Se alguém levanta o braço para você, automaticamente você se defende.

O que acontece é que muitas vezes dizemos que não temos medo de coisa alguma. E ali, aquele medo vai nos corroendo pouco a pouco porque não o aceitamos, não o admitimos.

É importante termos medo de forma consciente, senão, simplesmente fariamos qualquer coisa. E aí, nos machucariamos, ou machucariamos outras pessoas.

Portanto, é importante admitirmos o medo e nos colocarmos nesta posição frágil, da mesma forma que nos colocamos numa posição de felicidade. É apenas uma emoção, mas tem uma finalidade bastante específica, que é esta, autoproteção.

Só não podemos confundir ESTAR com medo, com SERMOS o medo.

Por isto, acomodar o medo. Entendendo que aquilo é uma reação da mente em relação a algo bastante pontual. Assim que aquela situação passa, o medo vai junto.

O medo geralmente está relacionado à esta percepção de que somos limitados. Ao nosso apego a determinados objetos e a percepção enganosa de que algo está sempre faltando para sermos definitivamente felizes e plenos.

Por isso é tão importante este entendimento de que eu já sou pleno em mim mesmo. Pois, a partir daí, tudo é enxergado de forma relativa. A partir de um ponto de vista absoluto, que sou eu.

Eu não sou afetado pelo medo. Apenas a mente é.

É disto que eu preciso me dar conta. De toda esta confusão que persiste em se instalar na minha mente. Admitir é entender a natureza do medo. Por exemplo:

Eu tenho medo de cobra porque sei que ela pode me matar. Quando eu sei isto, eu acomodo o medo, e não vou me aproximar das cobras. E estou bem com isto.

Por isto, o ponto chave de toda esta vida de yoga é o amadurecimento.

Amadurecimento é entender.

Também temos bastante medo em relação à perda.

Achamos que quando perdemos algumas caracteristicas (físicas, intelectuais, sociais, etc) nos perdemos juntos.

Quando na verdade, o que se perde é apenas a característica.

Perde-se o emprego, o marido, a beleza, o dinheiro; mas, o Eu continua sempre lá. Ou seja,mesmo sem tudo isto, você continua sendo você.

Precisamos entender que o medo ou a perda estão relacionados a uma situação pontual.

Acolher é entender que estes processos são passageiros. Eles só aparecem juntos dos objetos que te trazem esta sensação medo ou perda.

Estas sensações não duram para sempre. Quando você dorme, não está com medo. O medo não é a sua natureza. O medo é relativo.

RELATIVO à alguma coisa.

Então é necessário transformar o seu olhar relativo, num olhar objetivo.

Encarar a situação como ela é. E não como a sua mente pensa ser.

Como se pudéssemos pedir a opinião para uma pessoa que não tem o medo do mesmo objeto.

Esta pessoa te diria com maior clareza o que fazer, sem ser levada pelo medo que você está sentindo.

Então, este é o treino que temos que fazer com a mente: olhar objetivo.

Para além das influências que a mente construiu ao longo de uma vida.

Se você nunca tivesse visto uma cobra e se nunca tivessem te contado que ela pode te matar, não haveria o medo da cobra. O medo, neste caso, é uma construção da mente. Quando você vê a cobra, vem o medo; associado.

Tente ver o medo sem associar adjetivos a ele. Se você não tivesse medo do mar, poderia ter se afogado. Medo é uma ferramenta útil. Não é bom e nem ruim. Não podemos associar uma qualidade a ele.

Medo é um objeto com o qual você tem que se relacionar.

Assim como você se relaciona com a felicidade e todas as outras emoções. São todas essenciais para uma vida saudável e plena.

 

Artigo de Bruno Jones