Quem me conhece, sabe o quanto sou crítico em relação às posturas invertidas praticadas no yoga que têm o seu apoio sobre a cabeça. Basta ver este post de 08/12/2015 https://www.instagram.com/p/_AYrA8lLAf/?igshid=ayhmvh6yi7ks

Mas vamos aprofundar o debate?

O bom senso diz que a estrutura cervical não é naturalmente desenvolvida para suportar pesos maiores que o do crânio.

Mas existe muito disse me disse no meio do yoga, e, de fato, poucos são os que realmente buscam, a fundo, informações científicas sobre o assunto.

Fato é que não possuímos informações ou prontuários médicos de antigos yogis que podem ter se lesionado praticando tais posturas. E acabamos, apenas, imitando-os sem questionar se, realmente, vale à pena ou o risco. Some-se a isto uma estrutura muscular fraca e péssima postura que mantemos nos dias atuais.

Portanto, ao longo destes anos, resolvi questionar médicos, fisioterapeutas com os quais me encontrei, em busca de informação confiável. Afinal de contas, um professor de yoga nem sempre é um profundo conhecedor do corpo humano (me incluo nesta turma), e tenho que ter suficiente humildade para buscar conhecimento de quem realmente sabe.

A coluna cervical é composta por vértebras que se estendem do tórax até a base do crânio. O pescoço apresenta grande mobilidade e suporta o peso da cabeça. Estando menos protegido do que o resto da coluna, o pescoço é vulnerável a diversos tipos de lesões que causam dor e limitação de movimento.

Uma vez que os discos intervertebrais funcionam como elementos de absorção de impacto, a sua degenerescência (que se inicia habitualmente a partir dos 40 anos de idade) provoca um estreitamento do espaço entre as vertebras, aumentando a sobrecarga exercida sobre as vértebras cervicais, com um consequente desgaste acrescido. Por outro lado, estes discos podem deslocar-se comprimindo a medula ou outros nervos (hérnia discal).

Colisões e impactos que causam hiperextensão ou hiperflexão (postura do peixe sem o apoio dos braços e a postura da vela, respectivamente), para além dos seus limites naturais, podem causar lesão dos músculos e dos ligamentos. Em casos extremos, pode ocorrer a fratura da coluna com lesão da medula e paralisia.

As cervicalgias resultam de anomalias nos tecidos moles (músculos, ligamentos, nervos) ou nas estruturas ósseas da coluna. As causas mais comuns são lesões causadas por traumatismo (não é caso da prática de asana), ou excesso de sobrecarga (pode acontecer na prática de asana).

A estrutura da coluna

As vértebras possuem características gerais e próprias da região da coluna em que estão situadas. Os corpos vertebrais gradualmente tornam-se maiores à medida que se aproximam do sacro. Essas diferenças estruturais estão relacionadas ao fato de que as regiões lombar e sacral suportam mais peso que as regiões torácica e cervical.

A primeira vértebra cervical (C1 Atlas)

O nome Atlas refere-se ao titã grego, que carregava o mundo nas costas. A partir desta descrição e da própria figura de Atlas, podemos inferir o quanto é o nocivo ao pescoço carregar esta carga.
O Atlas é a mais fina e delicada das vértebras cervicais.
É uma vértebra cervical atípica, pois além de não possuir processo espinhoso, não há corpo vertebral. É particularmente responsável pelo movimento de rotação da cabeça.
Desta maneira, ela tem um papel fundamental para o movimento da cabeça e do pescoço. Vários músculos do pescoço se inserem na articulação entre C1 e C2 e são responsáveis pelos movimentos de rotação, flexão e extensão do pescoço.

O Atlas também tem um papel fundamental na proteção de estruturas bastante delicadas do pescoço. A medula e o sistema nervoso central que atravessam o forâmen nesta região. O forâmen nesta parte da coluna também é bem maior para que haja maior amplitude de movimento para o tecido nervoso, além de proteger artérias e veias que levam sangue ao cérebro. o tecido ósseo desta região tem como papel prevenir que estes vasos não sejam comprimidos.
Portanto, suportando o peso natural da cabeça, estes vasos estão seguros. Mas o que pode acontecer com a sobrecarga de um corpo inteiro?
Uma lesão nesta altura poderia causar problemas motores, respiratórios e a perda de sensação na superfície da pele.

A segunda vértebra cervical (Áxis ou C2)

O Áxis é a segunda vértebra cervical e também é atípica por possuir um “dente”, que articula-se com o Atlas. O Áxis tem este nome por servir de eixo para a rotação do Atlas com o crânio que ele suporta. É responsável pelo movimento de flexão e extensão da cabeça.

A articulação formada por C1 e C2

A articulação que se forma entre ela e o Áxis (a segunda vértebra cervical, C2) é diferente de todas as outras articulações da coluna, pois não possui um disco intervertebral entre elas. Portanto, podemos perceber o quanto esta articulação não é preparada para sobrecargas.
Através desta articulação a o sistema nervoso central se expande pelo corpo através de um forâmen. Este nervo é responsável pela percepção